A Área de concentração Estudos da Subjetividade
Considerar que a subjetividade é constituída histórica e culturalmente representa hoje importante campo de pesquisa em Psicologia. É principalmente na pós-graduação que se pode esperar uma reflexão crítica e cientificamente inventiva, capaz de considerar a complexidade do contexto social brasileiro no contemporâneo, vinculando essa reflexão ao campo da psicologia. Nosso PPG, com sua área de concentração Estudos da Subjetividade e suas duas linhas de pesquisa – Clínica e Subjetividade; Subjetividade, Política e Exclusão Social -– bem expressa os temas pesquisados por nossos docentes e discentes. O foco da proposta é afirmar perspectiva que visa superar as tradicionais e, por vezes, pouco profícuas divisões do campo psicológico, tais como a distinção mais geral entre o teórico e o aplicado, ou as compartimentações que delimitam domínios de especialidades, por exemplo, a separação entre a psicologia social e a psicologia clínica, entre esta e a psicologia do trabalho, entre a análise do comportamento organizacional e a saúde do trabalhador etc. Numa orientação transdisciplinar, o programa aproxima a psicologia de outras disciplinas das ciências sociais, da filosofia e das artes.
A linha Clínica e Subjetividade está voltada para temáticas referentes às relações entre as intervenções clínicas e os modos de subjetivação, destacando-se os temas: (1) clínica e políticas públicas de saúde; (2) intervenções clínico-políticas face ao fenômeno da violência e, mais especificamente, às violações de direitos humanos; (3) interfaces entre filosofia, artes e clínica; (4) literatura e subjetividade; (5) metodologias de pesquisa participativa na investigação dos modos de subjetivação; e nos processos de trabalho.
A linha Subjetividade, Política e Exclusão Social é constituída por projetos relativos aos modos de subjetivação em suas relações com (1) a realidade do trabalho no capitalismo contemporâneo, destacando-se o debate acerca da importância do protagonismo do trabalhador na gestão do trabalho e do incremento da qualidade de vida no trabalho, além de outros pertinentes à saúde do trabalhador; (2) o desenvolvimento de metodologias de pesquisa e intervenções socioanalíticas; (3) a pesquisa nos campos da saúde publicados espaços urbanos e dos movimentos sociais; (4) a sexualidade e as narrativas de si; (5) o sistema sócio educativo e as políticas públicas vinculadas à área dos direitos da criança, do adolescente e da pessoa com deficiência. Com o ingresso de cinco novos docentes nessa linha de pesquisa ao final de 2015, novos e importantes temas de pesquisa surgiram: 6) as práticas afro-brasileiras, racialização e os modos de subjetivação; 7) modos de subjetivação e escola; 8) feminismos e modos de subjetivação; 9) estudos da deficiência e subjetivação da pessoa com deficiência. Na área de concentração do PPG, as duas linhas de pesquisa se distinguem, mas se conectam, formando interfaces no campo dos direitos humanos, das políticas públicas, dos processos de trabalho e das metodologias de pesquisa que apostam na participação e na intervenção (pesquisas qualitativas, pesquisas participativas e pesquisas-intervenção).
Após duas décadas de existência, o PPG psicologia da UFF realizou, em 2018, a sua segunda reforma curricular. A primeira reforma, em 2008, aconteceu com a criação do curso de Doutorado. A Reforma Curricular, concluída em 2018, vinha sendo discutida e preparada pela Comissão de Reforma Curricular e pelo Colegiado do programa desde 2016. Inicialmente o objetivo era atender às recomendações da área de psicologia na CAPES, que há muito vinha nos sinalizando para a desatualização das bibliografias das nossas disciplinas. No entanto, a esse objetivo se somou outra finalidade, que foi atender às transformações pelas quais o programa vem passando. A política de ação afirmativa vem incluindo estudantes com novos perfis e interesses de pesquisa. Além disso, novos docentes foram credenciados e, também, trouxeram ao programa novos perfis e objetos de estudo, em consonância com os novos pleitos sociais feitos ao campo da psicologia, tais como: estudos sobre a subjetividade afroindígena, estudos sobre subjetividade no campo da deficiência, estudos sobre subjetividade e pessoas trans. Entretanto, podemos perceber que a ênfase nos estudos da subjetividade segue norteando os rumos das pesquisas, dos estudos e das práticas de intervenção e de ensino do programa. Diante do exposto, foram feitas mudanças na estrutura curricular dos cursos de mestrado e de doutorado do PPG, que são relativas às bibliografias, que agora estão atualizadas, e às ementas, que estão mais afinadas à interface entre os estudos da subjetividade e a questão afroindígena, a questão trans e a questão das deficiências, além de manter os temas que já organizavam as linhas desde o início do programa.